Consequências do Abuso destas Substâncias

O consumo de drogas, legais ou ilegais, tem associado um conjunto de riscos e danos, que o tornam um problema de saúde pública, da sociedade, com diversas consequências. Este origina ou intervém no surgimento de diversas doenças, danos e problemas orgânicos e psicológicos. Ao nível do Sistema Nervoso Central provoca diminuição da memória, alteração do sentido de tempo e lugar, diminuição da capacidade de atenção, aprendizagem e concentração, irritabilidade, tremor, ansiedade, intranquilidade, insónia, falta de apetite, alteração da percepção e do juízo, dor de cabeça, agressividade, alucinações, perda de coordenação, desenvolvimento de quadros paranóicos (sensação de ser vigiado ou perseguido), vertigem/tontura, destruição de neurónios, diminuição das capacidades mentais, depressão, intoxicação, transtornos de consciência, atrofia do nervo óptico.
No sistema cardio-respiratório acelera o ritmo cardíaco e respiratório, provoca insuficiência cardíaca, hipertensão arterial, doenças nas artérias coronárias, anemia, dificuldades na coagulação sanguínea, pneumonias, secreção nasal, aumento da pressão sanguínea, irritação dos brônquios, bronquite, tosse, asfixia, mau funcionamento dos pulmões, maior tendência para o aparecimento de úlceras na mucosa nasal, cancro pulmonar ou nos brônquios.
O sistema digestivo e renal é afectado com destruição e disfunção do fígado (hepatite, cirrose), náuseas, perda de peso, inflamação e varizes no esófago, gastrite, úlceras e hemorragias digestivas, inflamação do pâncreas, diarreia, maior tendência para o aparecimento de cancro na laringe e esófago, má absorção dos alimentos, défice de minerais (ferro, cálcio, etc.) e destruição do rim (nefrite, insuficiência renal).
Quanto ao sistema reprodutivo ocorre alteração da ovulação e do ciclo menstrual, problemas na gravidez (maior incidência de abortos, partos prematuros e baixo peso do recém nascido), diminuição do número de espermatozóides e da sua mobilidade (infertilidade, impotência).
A dependência leva muitas vezes a que os consumidores de drogas se vejam envolvidos socialmente em situações de agressão, desordem pública, conflitos raciais e marginalização. Sendo em termos económicos contraídas importantes dívidas dado o elevado volume de dinheiro que envolve o mercado das drogas e destabilizando não só a comunidade onde estes se inserem (família, amigos, vizinhos), como a organização e estrutura da sociedade em geral, dado que, entre outras consequências, aumentam a procura dos serviços de saúde, a insegurança dos cidadãos por delitos contra a propriedade e o crime organizado através das redes de narcotraficantes.

Plantas alucinogénicas



Lophophora williansii
É uma planta nativa do Norte do México e áreas vizinhas. Pode ser ingerida fresca ou seca. Na forma seca os botões de mescalina conservam-se psico-activos durante muitos anos, podendo serem humedecidos quando engolidos ou dissolvidos em água – na forma de chá. Os efeitos da mescalina são acompanhados de efeitos colaterais desagradáveis, bem como náuseas e vómitos. As alucinações duram de uma a duas horas.

Myristica Fragrans
Conhecida como noz-moscada, pode ser ingerida em grandes quantidades para produzir alterações a nível de consciência.
A ingestão de noz-moscada produz, após a latência de várias horas, uma sensação de peso nos braços e pernas, despersonalização, sensação de irrealidade e apreensão, juntamente com alterações fisiológicas como: boca seca, taquicardia, sede e rubor. Os efeitos colaterais são: vómitos e constipação em uso crónico. O mecanismo de acção específico não é conhecido e a recuperação usual da intoxicação ocorre de vinte e quatro a quarenta e oito horas. Nenhum tratamento específico à reacção tóxica é necessário.

Nepeta Cataria
É conhecida como erva-dos-gatos. A planta contém uma série de substâncias, incluindo tanina e drogas semelhantes à atropina. Tratando-se de seres humanos, esta planta usualmente é fumada, podendo ter intoxicação semelhante à da maconha. Causa dor de cabeça rápida acompanhada de alucinações visuais, euforia e alterações no humor.

Atropa Belladonna
É nativa da Europa e usada como chá. O seu fruto, semelhante à cereja, é venenoso e tem propriedades calmantes e sedativas. Os seus efeitos são de excitação inicial precedida de euforia e sonolência.
Os seus sintomas podem aparecer em forma de boca e garganta secas, vertigens, midríase, voz alterada, taquicardia, perda involuntária de fezes e urina.

Datura SP
É conhecida como saia branca, saia-de-noiva, trombeteira, ou figueira-do-inferno. É muito comum no Brasil, sendo também encontrada no Hemisfério Norte. Há muitos séculos é usada como remédio ou alucinogénico. O sono causado pela planta pode durar até vinte dias e, em caso de doses elevadas, torna-se fatal.

Fungos alucinogénicos



Amanita Muscaria
É um cogumelo com cerca de vinte centímetros de altura. Têm uma coloração vermelha, amarela ou branca. Este fungo possui ácidos ibotêmico e muscimol. É encontrado principalmente em florestas de bétulas no hemisfério norte.
Os seus efeitos variam com a percepção e tolerância apresentada por cada indivíduo, e aparecem rapidamente possuindo três fases:
· Excitação agradável e extremo aumento da força e agilidade;
· Alucinações;
· Delírios seguidos de sono profundo.






Psilocybe Mexicana
O seu principal agente activo está relacionado à serotonina, um neuro-transmissor que está presente no cérebro. Os sintomas psíquicos predominam e, de facto, não se distinguem qualitativamente dos produzidos por outras substâncias alucinogénicas. É encontrado na América do Norte, central e do Sul, Europa e Ásia.

Claviceps Purpurea
É o parasita do centeio e de vários outros cereais e é o responsável pela produção de uma síndrome chamada ergotismo. Contém diversas substâncias: uma delas é a ergotina – responsável por fenómenos convulsivos que podem terminar em paralisias e hemiplegias.

Substâncias Alucinogénicas

As substâncias alucinogénicas são substâncias cujo principal efeito é o de causar alucinações, isto é, as mais variadas modificações de percepção táctil, visual e auditiva em função da dose ingerida pelo indivíduo.
Podemos encontrar estas substâncias em alguns representantes de plantas e fungos.

Álcool


Ainda que nem todos os consumidores venham a sofrer os problemas persistentes e graves relacionados com o álcool, ou seja alcoolismo, não nos podemos esquecer que o álcool é a substância psico-activa lícita de abuso mais consumida em Portugal: aproximadamente 1.8 milhôes de portugueses são bebedores excessivos e doentes alcoólicos crónicos.
De acordo com o Relatório World Drink Trends 2005, em Portugal o consumo per capita de álcool é um dos mais elevados do mundo, cerca de 9.6 Litros de álcool puro, encontrando-se no 8º lugar do ranking mundial; o 4º a nível de consumo de vinho (42 L/ano); o 23º a nível de consumo de cerveja (58.7 L); e o 31º a nível de consumo de bebidas espirituosas (1.4 L).
A gravidade e dimensão desta problemática pode ser constatada nos seguintes dados:
· Mais de 60% dos jovens de ambos os sexos entre os 12 e os 16 anos consomem álcool e mais de 70% com +16 anos consomem regularmente;

· O Consumo de bebidas alcoólicascomo a cerveja, bebidas espirituosas com refrigerantes, shots e misturas explosivas como Tequilha+Gin+Vodka+Absinto;

· A mortalidade ligada ao álcool estima-se como a 4ª causa de morte;

· Cerca de 10.3% da população portuguesa com +15 anos é doente alcoólica (800.000 alcoólicos) e 13.7% é bebedora excessiva (1.000.000);

· 40% (Masculino) e 10% (Feminino) dos internamentos em Hospitais Gerais encontram-se relacionados com o consumo excessivo de álcool;

· 30% dos internamentos em Hospitais Psiquiátricos são relacionados com doentes alcoólicos e 37% dos comportamentos suicidários;

· 33% das mortes por acidentes de viação e 34% das mortes por acidentes de trabalho revelaram alcoolémia positiva (região de Coimbra)

· Relação firme e gradual entre álcool e doenças e/ou mortais como cirrose hepática, neoplasias das vias respiratórias, do aparelho digestivo superior, colo-rectais, fígado, hipertensão arterial, pancreatite crónica, AVC hemorrágicos; mesmo com consumos ditos reduzidos (25 gramas/dia)

· 98% dos doentes alcoólicos referem conflituosiade familiar, 76% perturbações laborais (baixas frequentes, faltas, conflitos, baixa de rendimento, sinistralidade), 69% complicações sociais dos quais 16,5% problemas jurídico-criminais.

· A criminalidade associada é exponencialmente mais elevada sob efeito de álcool a nível de condução, crimes sexuais, ofensas corporais;
O álcool é uma substância psico-activa depressora do Sistema Nervoso Central, pelas suas propriedades anestésicas, afectando quer o cérebro quer o organismo humano, constituindo o alcoolismo (ou dependência do álcool) uma doença em que se verificam os seguintes sintomas: craving ou forte desejo / necessidade incontrolável de consumir; perda de controlo do consumo; dependência física com sintomas como náuseas, vómitos, tremores, suores e ansiedade; e tolerância com cada vez maiores quantidades consumidas para o estado de ebriedade. Independentemente dos problemas de saúde, familiares, sociais e legais, o alcoólico é um doente crónico em que, mesmo após tratamento, deve evitar consumir bebidas alcoólicas de forma a não recair.
Pergunta-se muitas vezes: porque bebem uns e outros não conseguem controlar os consumos?
As evidências científicas apontam para os seguintes factores como potenciadores do risco de uma pessoa tornar-se dependente do álcool:
· Problemas genéticos, antecedentes familiares com problemática de alcoolismo podem concorrer para um consumo excessivo; ambientais; culturais; pressão de pares / grupo; e acessibilidade e facilidade de consumo.

· Caracterizado por um padrão de consumo do qual resulta ao longo de período de tempo fracasso no cumprimento de actividades laborais, escolares ou de responsabilidade; beber em caso de situações perigosas como conduzir ou operar máquinas; ter problemas legais recorrentes e continuar a beber apesar da persistência dos problemas de relacionamento, o abuso do álcool pode tornar-se uma doença, pelo que quanto mais cedo uma pessoa obtiver ajuda maiores serão as hipóteses de uma recuperação com sucesso.

· Embora o alcoolismo seja tratável, não é curável, permanecendo a susceptibilidade de recaída, pelo que importa cortar de vez com o álcool. Sendo um processo longo para atingir o estado de sobriedade, as recaídas não significam necessariamente um fracasso ou impossibilidade de recuperação, sendo nestes casos importante e necessário que a pessoa deixe de beber e procure ajuda adicional que lhe permita manter-se abstinente.
Efeitos Predominantes: A nível do SNC as alterações verificadas são maiores no consumo agudo do que no crónico, dependem da quantidade consumida e são afectadas por susceptibilidades genéticas, produzindo uma modificação das propriedades dos lípidos presentes na membrana dos neurónios; aumenta os metabólitos da dopamina; aumenta a libertação da serotonina (e gera a sua redução em consumos crónicos); aumenta a acção do sistema inibidor de transmissores que envolve o GABA; e um efeito inibidor na acção dos receptores NMDA.
A nível de perturbações do comportamento, dependendo da idade, constituição física, sexo, frequência e tolerância, podem verificar-se entre outros défices de coordenação, euforia, défices de cognição, perturbações do discernimento, labilidade do humor, descoordenação, défice de raciocínio, náuseas e vómitos, lapsos de memória, insuficiência respiratória, coma e morte.

A nível do organismo, para os não alcoólicos em boa forma física e em doses moderadas (até 30gr/dia para os homens), tem efeitos benéficos sobre a sociabilidade, possível estimulação do apetite e provável redução do risco de doença cardiovascular (pela redução de lipotreínas de alta densidade). Para além destas doses e/ou em caso de doença, os danos causados pela interacção com o consumo de álcool podem ser muito mais graves, com alterações fisiológicas a nível do aumento do ácido úrico e dos ácidos gordos livres; redução de transferrinas deficiente em carbo-hidratos; aumento de taxa de doença ulcerosa, gastrite, pancreatites, alteração do funcionamento do esófago, fígado gordo, hepatite alcoólica, hepatite crónica e cirrose; aumento de possibilidade de cancro do tracto digestivo, cabeça, pescoço e pulmões; alterações hormonais e problemas na função sexual; e não menos importante aumenta as possibilidades de acidentes e défices da capacidade de condução de veículos e operação de máquinas.
Apontando as tendências para um crescimento do consumo de cerveja, aumento do consumo de álcoolpelas mulheres, aumento do consumo de bebidas alcoólicas pelos jovens, crescente aumento de consumo de bebidasdestiladas e com maior teor alcoólico, são pelo contrário evidentes os benefícios decorrentes do controlo e prevenção dosproblemas relacionados com o álcool: redução dos custos do tratamento de doentes alcoólicos e suas complicações; redução do absentismo e acidentes laborais; aumento de produtividade; melhoria do rendimento escolar; diminuição dos problemas sócio-familiares como violência doméstica, abuso de menores; redução da criminalidade e consequentemente dos custos judiciais.
Ainda que envolvido num padrão de abuso de álcool, procure ajuda com o objectivo de: analisar os benefícios de por fim a um padrão de consumo não saudável; impor um objectivo de consumo a si mesmo; analisar as situações que despoletam os padrões de consumo e desenvolver novas formas de lidar com essas situações.

Benzodiazepinas


Segundo o Relatório 2004 da Organização Internacional de Controlo de Estupefacientes, Portugal lidera a taxa de consumo de substâncias psicotrópicas lícitas, tranquilizantes e Anti-depressivos como Valium, Diazepam, Lorax. A tendência para o abuso lícito e ilícito de tranquilizantes é confirmada por indicadores do INFARMED Instituto Nacional da Farmácia e do Medicamento, cujo estudo da evolução do consumo de benzodiazepinas em Portugal de 1995-2001 aponta para um crescimento do consumo de benzodiazepinas (prescritas para redução de ansiedade, indução de sono e acalmar sintomas de pânico, etc.) de 26.36%, tendo passado de 70,48 para 89,06 DHD. As benzodiazepinas mais consumidas foram o alprazolam, lorazepam e diazepam, representando estes três fármacos 55,87% do consumo em 2001.
As Benzodiazepinas (BZN), também designadas por tranquilizantes e ansiolíticos, são medicamentos depressores do SNC que actuam sobre a ansiedade e a tensão, e cujo principal efeito terapêutico é diminuir a ansiedade da pessoa sem afectar demasiadamente as funções psíquicas e motoras.
Contendo substâncias como diazepam, bromazepam, lorazepam, triazolam, flurazepam, clorazepam, etc., são as drogas mais consumidas em todo o mundo sendo considerado o seu consumo um problema de saúde pública nos países mais desenvolvidos. Sendo usadas para tratamento de variadas formas de ansiedade, a melhor indicação para a sua prescrição são os casos em que a ansiedade não faz parte da personalidade do paciente ou em que a ansiedade não seja secundária a outro distúrbio psíquico. As BZN podem ser administradas como coadjuvantes no tratamento psiquiátrico caso a causa da ansiedade ainda não ter sido solucionada. São ainda usadas como relaxantes musculares, anticonvulsivos e ansiolíticos em tratamento de curta duração.
Todas as BZN podem ser administradas por via oral, atingindo níveis plasmáticos no máximo em 2 a 4 horas, e muitas produzem metabólitos activos. Parece que o efeito ansiolítico dos benzodiazepínicos está relacionado com o sistema gabaminérgico do sistema límbico. Um dos seus mecanismos farmacocinéticos relaciona-se com o facto de as BZN actuarem na forma benzodiazepina/GABA para inibir e antagonizar a acção de outras benzodiazepinas que podem revelar-se importantes no tratamento de overdoses de medicamentos que afectam este complexo de receptores.
As BZN quando usadas durante meses seguidos podem causar dependência. Como consequência, podem surgir estados de irritabilidade, insónia, transpiração excessiva, dor pelo corpo e, em casos extremos, convulsões. Verifica-se também desenvolvimento da tolerância moderada, em que o paciente não necessita de aumentar a dose para obter o efeito inicial.
A maioria das BZN têm meia-vida longa, em geral entre 10 a 30 horas, ocorrendo o seu efeito até 3 dias depois da sua administração. Embora o seu consumo seja muito alargado, estas substâncias são muito eficientes num curto espaço de tempo; em casos de consumo prolongado existem riscos elevados entre doentes psiquiátricos, sendo de salientar o uso indevido destas substâncias obtidas por meio ilegal (as BZN são apenas de prescrição médica) entre consumidores e/ou poli-consumidores e não esquecendo os jovens em idade escolar.
Efeitos predominantes: As BZN actuam sobre os estados de tensão e ansiedade, inibindo os mecanismos hiperfuncionantes tornando a pessoa mais tranquila e menos afecta pelos estímulos externos. Com uma predilecção quase exclusiva pelo cérebro, os ansiolíticos produzem assim uma depressão do cérebro que se caracteriza por: diminuição da ansiedade, indução do sono, relaxamento muscular e redução do estado de alerta.
Por serem alimentados pelo álcool, a sua mistura pode levar ao coma, para além de dificultarem os processos de aprendizagem e memória; não esquecendo que prejudicam parte das funções psicomotoras como conduzir, aumentando as probabilidades de acidentes e sinistralidade rodoviária.
Do ponto de vista orgânico ou físico, as BZN são drogas relativamente seguras, dado ao facto de serem necessárias grandes doses para gerar efeitos graves como hipotonia muscular, dificuldade em manter-se de pé e caminhar, tensão baixa, desmaios, e mesmo coma (que agravado sob consumo adicional de álcool). Estudos apontam para a suspeita do poder teratogénico das BZN durante a gravidez, podendo provocar lesões ou defeitos físicos no neo-nato, malformações estas congénitas associadas a tranquilizantes menores como diazepam.
Utilização clínica: Introduzidas durante os anos 60, estas substâncias têm utilização clínica como tranquilizante menor, eficaz e desprovido de efeitos colaterais não desejados, tendo substituído os barbitúricos e fármacos relacionados como hipnóticos e sedativos. A sua eficácia terapêutica está associada à redução da ansiedade, indução do sono e tranquilizante de estados de pânico, podendo ainda ser prescritas para convulsões, espasmocidade muscular, sedação pré-operatório, desordens que provoquem movimentos involuntários, desintoxicação de álcool e outras substâncias e estados de ansiedade associados a condições cardiovasculares e gastrointestinais.

Metanfetaminas


Suscitando cada vez mais inquietações a nível sócio-sanitário nos EUA, Austrália, algumas regiões da África e na maior parte da Ásia, onde se regista um elevado número de consumidores, segundo o Relatório Anual de 2005 do OEDT o consumo de metanfetaminas na Europa encontra-se circunscrito à República Checa onde esta droga coloca problemas há vários anos.
No entanto, as autoridades vigiam atentamente o mercado de estimulantes (onde se inclui esta droga), quer junto dos países vizinhos quer dos restantes países europeus pela mobilidade crescente de cidadãos e do próprio mercado negro. A produção de drogas estimulantes (drogas sintéticas como ecstasy, anfetaminas e metanfetaminas) estima-se em 520 toneladas.
A metanfetamina é uma poderosa droga sintética estimulante, com elevado potencial de adição, fabricada facilmente e de forma relativamente barata em laboratórios clandestinos, conhecida vulgarmente como meth ou speed (pó cristalino amargo e sem odor facilmente dissolvido em água ou álcool).
Pode ser tomada oralmente, aspirada (intra-nasal), por injecção intravenosa e fumada. Perante a química da anfetamina, os efeitos da metanfetamina no sistema nervoso central são muito mais graves, causando um incremento de actividade, diminuição do apetite e uma sensação geral de bem-estar, podendo os seus efeitos durar entre 6 a 8 horas. A seguir ao estado inicial que dura poucos minutos, verifica-se um estado de agitação que em determinados indivíduos pode levar a comportamentos violentos.
A metanfetamina liberta níveis elevados do neurotransmissor dopamina, que estimula as células cerebrais, aumentando a disposição e o movimento corporal; e parece ter um efeito neurotóxico ao danificar as células que contêm dopamina e serotonina (nomeadamente, cortando os terminais nervosos das células, e tornando o seu crescimento limitado), causando a prazo a redução dos níveis de dopamina que podem resultar em sintomas como os da doença de Parkinson.
A nível do Sistema Nervoso Central, as consequências do consumo de metanfetaminas mesmo em pequenas quantidades incluem o aumento da sensação de estado de alerta/despertado, aumento da actividade física, diminuição do apetite e euforia, podendo ainda verificar-se irritabilidade, insónias, confusão, tremores, ansiedade, paranóia e agressividade.
A nível cardiovascular os efeitos incluem aceleração do ritmo cardíaco, aumento da pressão arterial e danos irreversíveis a nível dos vasos sanguíneos. A hipertermia (tempreratura corporal elevada) e convulsões ocorrem em casos de sobredosagem, e se não forem tratadas imediatamente podem resultar em morte.
O abuso crónico de metanfetaminas pode ter consequências a nível de inflamação do revestimento coronário e, entre os que se injectam, danificação dos vasos sanguíneos e abcessos da pele.


A longo prazo, os efeitos resultantes do abuso de metanfetaminas incluem a dependência, doença crónica caracterizada pela procura compulsiva e uso da substância psico-activa que são acompanhados pela alteração molecular e funcional do cérebro. Para além da dependência à droga, os consumidores podem exibir sintomas de comportamento violento, deterioração social e ocupacional progressiva, estados de ansiedade e confusão, características psicóticas como paranóia, alucinações auditivas, distúrbios de humor, estados de ilusão tais como a sensação de insectos a rastejar no interior da pele, o chamado efeito do Formigueiro.
A exposição do feto (em mães grávidas consumidoras) constitui outro problema significante a ter em conta. Pesquisas indicam que o abuso de metanfetaminas durante a gravidez pode resultar em complicações pré-natais, aumento do índice de partos prematuros e padrões de comportamento neo-natal alterados, tais como reflexos anormais e irritabilidade, estando adicionalmente relacionado com deformidades congénitas.
O abuso de metanfetaminas está ainda relacionado com o incremento de transmissão de HIV e Hepatites C e B, através da partilha de material de injecção como seringas, agulhas e material associado. Estudos efectuados indicam que a metanfetamina e estimulantes psicomotores relacionados podem aumentar a libido dos consumidores e parece estar associada a sexo violento que pode levar a sangramentos e cortes.
A combinação de injecção e prática de riscos sexuais constituem um cenário ideal para o aumento da possibilidade de contágio do HIV ou HVC/B. Estes riscos podem ser clara e significativamente diminuídos através de programas comunitários orientados à alteração de comportamentos de risco associados com o consumo de drogas (partilha de seringas e práticas sexuais protegidas), assim como do tratamento da dependência deste tipo de drogas.

Anfetaminas


As anfetaminas são substâncias sintéticas estimulantes, vulgarmente denominadas speed, cristal ou dextroanfetaminas, podendo ser encontradas sob a forma de cristais amarelados com sabor amargo, cápsulas, comprimidos, pó ou em líquido. São geralmente consumidas por via oral, intravenosa (diluída em água), fumada ou aspirada (em pó).
As anfetaminas estimulam o SNC, actuando na noroadrenalina (um neurotransmissor), afectando adicionalmente os sistemas dopaminérgicos e serotonérgicos, permitindo ao corpo efectuar actividades físicas em situações de stress. É considerada uma droga unclean dado o seu baixo grau de pureza (menos de 15%), incluindo o restante corte de glucose, vitamina C, laxante, leite em pó, cafeína, aspirina e paracetamol.
Desde os anos 90 tem sido uma droga muito popular entre as camadas mais jovens em ambientes recreativos (Festas), sendo a 2ª droga mais consumida em todo o mundo imediatamente a seguir à Cannabis (160 milhões): cerca de 26,2 milhões entre os 15-64 anos, representando 0,6% da população mundial, segundo o Relatório Mundial da Droga de 2005 da ONU. Segundo este Relatório, os países produtores de anfetaminas são principalmente da Europa Ocidental e Central (Holanda, Polónia e Bélgica, para além dos Estados Bálticos - Lituânia, Estónia e Bulgária).
Os diferentes tipos de estimulantes do tipo anfetaminas (anfetaminas, metanfetaminas, ecstasy, etc.), têm vindo a originar uma crescente procura de tratamento a seguir aos opiáceos: 10% na Ásia, 13% Oceânia, 12% América do Norte e 9% na Europa. Facto que se deve não só à preocupar de agentes sanitários e sociais a nível da oferta adequada de serviços de tratamento, como também famílias e a sociedade em geral face aos problemas diversos que provoca a nível neurológico, biológico e emocional.
Um estudo recente publicado na European Psychiatry (2004) conclui, através da aplicação do Inventário de Temperamento e Carácter (TCI) para mensuração da personalidade a dependentes de anfetaminas, que a busca da novidade, o evitar de perigos e a auto-transcendência eram significativamente mais elevadas, e a persistência, auto-direcção e a cooperação eram perceptivelmente mais baixas do que em pacientes sãos.
Foram inicialmente usadas para tratamento da obesidade, dado provocarem perda de peso, depressão, epilepsia, Parkinson, e manutenção de estados de alerta entre os soldados durante a II Guerra Mundial. Actualmente, o seu uso médico está limitado ao Dexedrine para tratamento da narcolepsia, e Ritalin.

Cannabis


Usados desde 2.700 a.C., os canabinóides são compostos derivados da planta Cannabis Sativa, cujo componente activo THC (delta-9-tetra-hidrocanabinol) causa alterações fisiológicas e psicológicas, sendo os efeitos predominantes a euforia e alteração do nível da consciência, sem alucinações.
O facto de esta substância psico-activa afectar o SNC, e de ser usada mais intensamente no final da adolescência quando o cérebro e o sistema reprodutor ainda estão em formação, gera preocupações legítimas.
Ainda que haja uma grande aceitação social e usada como droga recreativa por todos os estratos da sociedade, é uma substância ilegal cuja elevada prevalência de consumo particularmente entre os mais jovens a torna alvo de combate ao tráfico e consumo a nível nacional e mundial, fazendo parte das drogas mais amplamente consumidas.
O THC provém da planta da marijuana, constituída pelas folhas secas, podendo ser fumada e comida, mas raramente é injectada. Outras formas de derivados têm sido sintetizadas devido às suas propriedades farmacológicas e de administração oral, de que é exemplo a nabilona, uma droga sintética com raras propriedades antieméticas e efeito sedativo colateral e de baixa propriedade euforizante.
De todas as drogas, e por ser a mais consumida e virtualmente produzida em qualquer país e por qualquer consumidor em sua própria casa, a cannabis tem vindo a tornar-se uma fonte de cada vez maior atenção e preocupação pela comunidade médico-científica, pais e legisladores face à reavaliação dos seus riscos, tendo em conta a duplicação da potência do THC (o princípio activo da cannabis), resultante de processos de reengenharia genética da planta, e do crescimento da quota de mercado cada vez maior desta substância.
Adicionalmente, sobressaem 3 razões de saúde pública que incrementam a preocupação: incremento de episódios de saúde agudos, crescimento de procura de tratamento e agravamento de dependência com 9% dos consumidores a tornarem-se incapazes de parar os consumos.

Ecstasy e Drogas Sintéticas

Trata-se de um conjunto de práticas tóxicas que se traduzem em actividades que visam possibilitar os meios para alterar os estados de consciência e de humor.
Estes meios passam pelas pastilhas de ecstasy, mas também pela conjugação de outras substâncias (policonsumos): cocktails de medicamentos com ou sem bebidas alcoólicas. Apenas uma parte dos consumidores não combina substâncias.
Por todo o mundo, e em Portugal, tem-se registado um crescimento alarmante da popularidade e consumo das denominadas drogas sintéticas como Ecstasy (MDMA), GHB, Ketamina ou LSD, intimamente ligadas a bares/discotecas, com um objectivo claramente recreativo e de diversão. Resultando a sua composição da investigação laboratorial (sintética), estas substâncias são encaradas como facilitadoras da comunicação, assumindo um papel determinante na interacção desenvolvida naqueles espaços e que se pretende prolongar para além da duração dos efeitos dos consumos.
Ainda que consumidas predominantemente em contextos recreativos, tendem a extravasar para o quotidiano como forma de ultrapassar experiências negativas (medo, sofrimento, dúvida) e desencadear emoções positivas (prazer, euforia, diversão). O carácter voluntário dos consumos, assente na busca de um estado mais elevado de bem-estar consigo e com os outros, parece ser reforçado pela ausência de síndromes de abstinência.
O facto de estarem associadas a cenários de lazer liga-se com um elemento essencial, a música que, através das acções psicotrópicas das substâncias ingeridas, pode ampliar ou reduzir os efeitos ao nível da expressão, motricidade, sentidos e afectividade. Como afirma Pedro Abrunhosa, no prefácio ao livro O Universo do Ecstasy, de Susana Henriques, e, de uma maneira geral, a nova música para pista, estão fortemente conectadas ao consumo desta conjugação entre som, batida, ritmo, frequência, repetição, resulta um encantamento tão bem explorado quanto sublinhado pelo consumo de ecstasy, que parece prolongar e aumentar tal efeito.

O Ecstasy, cientificamente denominado de MDMA (3,4-metilenodioximetanfetamina), é uma substância química pertencente à família das anfetaminas que tem propriedades estimulantes e alucinogénicas. Foi inicialmente sintetizado na Alemanha em 1912 como supressor do apetite, mas tendo sido demonstrado que as alterações do estado de consciência não eram facilmente controladas, passou a ser considerada uma droga poderosa e perigosa e o seu uso terapêutico proibido.
É comercializado sob a forma de comprimido ou cápsula, geralmente com um símbolo gravado, sendo conhecida entre outras por Adão e Eva ou Pastilha. A sua composição deveria conter MDMA, MDA ou MDEA, mas pode conter outras substâncias como anfetaminas, LSD, 2-CB, cafeína, efedrina, ketamina, estrictina, atropina, 4-MTA, DXM, sendo este corte que gera as variações de efeitos e reacções colaterais inesperadas.
A sua administração é feita geralmente por via oral, surgindo os seus efeitos no espaço de minutos a meia hora, permanecendo durante cinco horas e os efeitos residuais por vários dias. Os seus efeitos tóxicos incluem euforia, sensação de espiritualização e intimidade, subida da tensão arterial, da frequência cardíaca e de suores. Entre outros problemas graves associados, tem ainda o perigo potencial de poder provocar alterações de longa duração (a mais de 6 meses) no funcionamento das células nervosas ricas em serotonina.
Efeitos predominantes: como qualquer estimulante, funcionando em parte pela libertação ou bloqueio da recaptação de neurotransmissores (substâncias químicas que estimulam os neurónios vizinhos) como a dopamina das células nervosas; produzindo ainda efeitos noutros neurotransmissores como a serotonina.
Da combinação destas modificações geram-se alterações no metabolismo cerebral e no fluxo sanguíneo, associando-se a sensações de estimulação intensa e euforia. Os seus efeitos produzem-se no SNC, nos nervos periféricos e no sistema cardiovascular, provocando euforia, diminuição de fadiga e de necessidade de dormir, pode aumentar o desejo sexual, reduzir o apetite; se as doses mais baixas tendem a melhorar a performance motora, as doses mais elevadas geram um défice com fortes tremores e mesmo convulsões; provocam ainda náuseas, vómitos, pupilas dilatadas e aumento da temperatura, arritmias, depressão e outras perturbações neurológicas.
Mas porque estas drogas sintéticas também são alucinogénicas, estas substâncias provocam adicionalmente outros efeitos tais como: aumento da consciência dos estímulos sensoriais, sensação subjectiva de intensificação da actividade mental, alteração das imagens corporais, menor distinção entre si mesmo e o que o rodeia, apura os sentimentos de empatia, rubor facial, aumento da tensão arterial, da glicemia e da temperatura, e se em excesso colapso cardiovascular e convulsões.
As pesquisas apontam ainda para os graves problemas de saúde ou mesmo morte, perigosidade essa que aumenta em associação com o consumo de álcool. Uma das consequências mais graves regista-se a nível comportamental e cerebral, provocando danos a nível da serotonina, um neurotransmissor que desempenha um papel da regulação da emoção, memória, sono, dor e outros processos cognitivos.
Por outro lado, dado a sua maioria não possuir cor, sabor ou odor, estas drogas podem ser colocadas em bebidas por indivíduos que queiram intoxicar outros, constituindo um perigo e causa de violações, gravidez em idades precoces e transmissão de doenças infecciosas como HIV/SIDA.
O Ecstasy, em doses elevadas, pode afectar a capacidade de regulação de temperatura do organismo, levando a uma subida brusca da temperatura corporal (hipertermia), e podendo resultar em colapso sistémico hepático, renal e cardiovascular; alterações das funções cerebrais, afectando a actividade cognitiva e a memória, assim como sintomas depressivos vários dias depois de se usar.
O GHB é essencialmente um depressor do sistema nervoso central, usado pelos seus efeitos euforizantes, sedativos e anabolizantes, podendo a sua ingestão ocasionar paralisia e coma, tendo ficado conhecido como a droga associado a casos de envenenamento, overdose, violação e morte.
A Ketamina é um anestésico, usado principalmente em veterinária, podendo causar estados oníricos e alucinações; em doses elevadas pode causar delírio, amnésia, redução das funções motoras, hipertensão arterial, depressão e problemas respiratórios eventualmente mortais.
O Rohypnol é o nome comercial do flunitrazepan, quimicamente uma benzodiazepina que, em associação com o álcool, pode causar a morte ou paralisias; pode igualmente tornar uma vítima incapaz de se opor a um ataque sexual; assim como causar amnésia de fixação, isto é, dificuldade ou incapacidade de memorizar factos posteriores à ingestão da substância.
Estas substâncias não têm utilização clínica comprovada, em que os benefícios ultrapassem os seus perigos.

Cocaína


Em todo o mundo a cocaína encontra-se mais acessível do que nunca, e no entanto o turbilhão de argumentos sociais e científicos que giram à sua voltam tornam-se cada vez mais densos ano após ano.
A Cocaína (pó branco extraído das folhas de coca, vulgarmente conhecido por coca, branca, neve, branquinha) é um estimulante extremamente aditivo que afecta directamente o cérebro, muito popular nos anos 80 e 90, sendo a substância química pura (clorhidrato de cocaína) usada há mais de 100, ao passo que as folhas de coca são ingeridas há milhares de anos particularmente entre os mastigadores de coca da América do Sul. Existem basicamente 2 formas químicas: o clorhidrato de sal (em pó) usado por via intravenosa ou inalada, e os cristais de cocaína (freebase ou crack) usados por via fumada. Este pó é frequentemente cortado com maizena, pó talco ou açúcar, procaína (anestésico) e/ou anfetaminas. Existe ainda uma combinação feita por consumidores em que misturam o pó de cocaína ou crack com heroína, obtendo o speedball.

Inalando-se, a cocaína passa directamente para o sangue através das mucosas nasais; se injectada a droga é levada directamente à corrente sanguínea aumentando o seu efeito; se fumada o vapor ou fumo levado aos pulmões tem a mesma absorção imediata de quando injectada. Qualquer dos tipos de administração pode causar problemas graves a nível cardiovascular ou cerebrais, podendo estes resultar em morte súbita, causando o seu uso continuado dependência e consequências negativas para a saúde.
Efeitos predominantes: a cocaína age sobre uma das áreas chave do cérebro relacionada com o prazer, bloqueando a eliminação da dopamina da sinapse causando a acumulação da mesma, gerando uma estimulação contínua dos neurónios receptores, o que provoca um estado de euforia. O seu abuso provoca tolerância, necessitando assim o cérebro de doses maiores e mais frequentes para obter o prazer inicial.
Os efeitos sentem-se quase imediatamente ao seu uso e desaparecem em minutos ou horas. O seu uso pode diminuir temporariamente os desejos de comer e dormir.

Alguns consumidores sentem que sob o seu efeito os ajudam a realizar tarefas físicas e intelectuais de forma mais rápida.
A curto prazo, os seus efeitos fisiológicos são contracção dos vasos sanguíneos, dilatação das pupilas e aumento da temperatura, do ritmo cardíaco e da tensão arterial. Em grandes quantidades pode levar a comportamento mais extravagante e violento, com tremores, vertigens, espasmos musculares, paranóia e, em doses consecutivas, a reacção tóxica similar ao envenenamento por anfetamina.
Em raras ocasiões, a morte súbita ocasionada por paragens cardíacas ou convulsões seguidas de paragem respiratória.
A longo prazo, regista-se para além da dependência, intranquilidade, irritação, ansiedade e alucinações auditivas. Salientam-se ainda efeitos neurológicos que produzem embolias, convulsões e dores de cabeça; complicações gastrointestinais que causam dores abdominais e náuseas; irregularidades cardíacas, aceleração do ritmo cardíaco e respiratório, podendo os sintomas físicos incluir visão nublada, dores no peito, febre, convulsões e coma.
A interacção entre a cocaína e álcool é potencialmente perigosa dado o organismo convertê-las em etileno de cocaína que tem um efeito no cérebro mais tóxico.
Ainda a registar a transmissão de HIV/Sida e Hepatites, quer pela partilha de seringas não esterilizadas, por via de gravidez (sabendo-se que os neo-natos de mães cocainómanas têm baixo peso neo-natal, cabeças de circunferência menor e tamanho mais pequeno) e da sua utilização com fins recreativos e relações sexuais não protegidas.
Estas substâncias têm utilização clínica a nível de narcolepsia ou perturbação da hiperactividade. Nos casos de fadiga, ou depressão, não produzem efeitos e podem piorar a situação, e no caso da obesidade, os perigos ultrapassam os benefícios. O grande problema do uso médico está no desenvolvimento da tolerância ao estimulante, limitando a sua aptidão para um nível clínico útil.

Heroina


A heroína é uma substância psico-activa aditiva processada a partir da morfina, substância extraída da semente da papoila, tendo uma acção depressora (funcionando como um poderoso analgésico e abrandando o seu funcionamento) sobre o Sistema Nervoso Central e uma das que mais problemas gera a nível mundial, estimando-se em cerca de 15 milhões de consumidores de opiáceos (heroína, morfina e ópio) no mundo e 750.000 consumidores de droga injectada na Europa, uma das grandes responsáveis da disseminação de HIV, Hepatite C e B e Tuberculose. Saliente-se que os opiáceos, ou poli-consumo com opiáceos, ainda constituem a principal droga ilícita entre os pacientes que procuram tratamento nos principais países europeus e em Portugal.
Todavia, o consumo de heroína parece tender para a estabilização ou mesmo diminuição em detrimento da cannabis, anfetaminas ou cocaína.
A heroína é comercializada em pó, castanho ou branco (quando pura), e administrada por via endovenosa, fumada ou inalada. Na rua é designada por pó, cavalo, castanha, brown sugar, veneno, etc. É frequentemente misturada com cocaína (speedball) de forma a tornar os efeitos de ambas mais intensos e duradouros.
Dos opiáceos fazem parte substâncias analgésicas como heroína, ópio, morfina, codeína, metadona, agonistas mistos como buprenorfina e antagonistas como a naltrexona. É de referir que está provado que a metadona é uma droga usada como um tratamento de heroinómanos que é mais aditiva do que a heroína, só devendo ser dada como parte de uma abordagem holística do paciente.
Efeitos predominantes: os opiáceos produzem analgesia, tonturas, alterações do humor e, em casos de doses elevadas, obnubilação mental mediante a depressão do SNC e da actividade cardíaca, salientando-se que através da administração por injecção os seus efeitos são muito mais rápidos e poderosos: a um conjunto de sensações no baixo-ventre e ruborização da pele segue-se uma sensação inebriante e euforizante, descida do ritmo respiratório e abrandamento dos movimentos peristálticos do cólon, causando prisão de ventre.
As alterações do SNC incluem a diminuição do tamanho da pupila, contracções musculares, tremor e sinais de confusão.
Associados à dependência dos opiáceos estão problemas médicos como o HIV/Sida (a complicação médica mortal mais frequente), abcessos e outras infecções da pele e músculos, possibilidade de afectar o feto (em caso de gravidez), hepatite e outras perturbações hepáticas, úlceras gástricas, arritmias, endocardite, anemia, infecções dos ossos e articulações, anormalidades no fundo ocular, insuficiência renal, destruição da massa muscular, pneumonia, abcessos pulmonares, tuberculose e broncospasmo. Registam-se ainda problemas emocionais e sociais como depressão, perturbações da função sexual, problemas com a polícia e problemas sociais e de relacionamento social.
A tolerância à maioria dos opiáceos desenvolve-se rapidamente, particularmente com analgésicos como a heroína, sendo fortemente viciantes, desenvolvendo-se a dependência física após um período de consumo relativamente curto. O grau de dependência varia com a potência da droga consumida, das doses tomadas e da duração do contacto com a droga.
Um consumidor típico de rua é do sexo masculino, inicia-se aos 18 anos, tem habitualmente historial de comportamento delinquente e anti-social, a taxa de mortalidade é de cerca de 5 em cada 10 particularmente por suicídio, acidentes e doenças como SIDA, Tuberculose e outras infecções (derivadas de complicações com agulhas contaminadas e drogas impuras).
Quando se consegue manter abstinente durante 3 ou mais anos há maiores probabilidades de manter-se abstinente, situação que melhora conjugada com um quadro de estabilidade de emprego, estar casado (estabilidade familiar e afectiva), praticar poucos ou nenhuns actos de delinquência e pouca evidência de abuso de outras substâncias.
As crises de vida ou depressões parecem evidenciar um importante papel nas recaídas. É ainda de notar que nos casos de insucesso de tratamento regista-se um abuso de consumo e problemas relacionados com o álcool, dado que, privado da heroína, potencia os efeitos de outras drogas.
Muitos opiáceos, como a morfina, buprenorfina e metadona, são úteis e de uso clínico importante pelas suas propriedades analgésicas ou antagonistas usadas no tratamento de heroinómanos. Os programas de substituição de metadona (narcótico opiáceo substituto, administrado a heroinómanos e que bloqueia o síndrome da abstinência opiácea e proporciona a estabilização do toxicodependente) devem ser encarados não só como a solução mais fácil e uniformizada a todos os toxicodependentes mas sim visando objectivos sócio-sanitários adaptados aos trajectos singulares daqueles, proporcionando-lhes a melhoria do estado de saúde e contrariando os processos de marginalização social através de condições logísticas e de apoio no restabelecimento de laços sociais.
Torna-se assim possível a ocorrência de dependências integradas com substâncias narcóticas, isto é, compatíveis com um funcionamento relacional e social convenciona, mediante uma prescrição que deve obedecer a rígidos critérios de administração e controlo, começando por oferecer aos consumidores uma melhoria visível e imediata no seu dia-a-dia. É absolutamente necessário que o consumidor não se torne clandestino de forma a continuar acessível às intervenções assistenciais, preventivas ou reabilitadoras, promovendo-se assim uma maior igualdade e inclusão social.
Para além da apresentação de problemas emocionais e sociais, existe um conjunto de sintomas físicos e comportamentais indicadores de abuso desta classe de substâncias como aumento da pigmentação da zona das veias, evidência de veias nodosas, dedos em baquete de tambor, pupilas contraídas, tumefacção da mucosa nasal (casos de inalação da droga), queixas de fortes dores como cólicas renais, dores na coluna ou abdominais, lesões e abcessos.
Uma consulta ao médico e psicólogo para estabelecimento de um diagnóstico prévio e realização de exames clínicos complementares, assim como a aferição do real desejo de mudança tendente à diminuição ou abandono do consumo de drogas, constituem o primeiro passo para posterior encaminhamento do toxicodependente para o tipo de tratamento mais adequado ao seu perfil e às suas necessidades.
O tratamento de um toxicodependente deve assentar na garantia de uma intervenção ao nível físico, psíquico e social, não obrigatoriedade e necessidade de equipas profissionais e multidisciplinares.

Efeitos das Substâncias

Substâncias como as anfetaminas e a cocaína são estimulantes, acelerando o organismo; a heroína e os opiáceos têm um efeito narcótico, provocando uma sensação de sonolência passiva; o álcool e os ansiolíticos são depressores, diminuindo a actividade do SNC; o ecstasy é uma substância alucinogénica que percepção do mundo altera a que nos rodeia.

Substâncias Psico-activas

A Organização Mundial de Saúde define droga como qualquer substância que tenha a capacidade de produzir um estado de dependência e estimulação ou depressão do sistema nervoso central, resultante de alucinações ou distúrbios nas funções motoras, cerebrais, comportamentais ou na percepção, e abuso similar e efeitos de doenças.
De acordo com Marc Schuckit, o consumo da maioria das substâncias e da intensidade de consumo situa-se entre os 13 e os 20 e poucos anos, tendendo a decrescer ao longo da vida. Tal poderá ser explicado por estas fases da adolescência e jovem adulto serem períodos de confronto com regras estabelecidas e em que a sensação de invulnerabilidade é de maior sensibilidade e as rivalidades são mais fortes.
A maioria dos consumidores começa com cafeína, nicotina e álcool, pela facilidade com que obtêm estas substâncias e o seu baixo custo. Quanto mais velho, mais emocional e psicologicamente estruturado, não sendo obrigatoriamente axiomático que se continuar a experimentar drogas entre numa escalada gradual de derivados de cannabis, misturas de estimulantes e/ou alucinogénicos, passando para os opiáceos.
Alterando o humor, o grau de percepção ou o funcionamento do cérebro, substâncias como cocaína, cannabis, heroína, ecstasy, nicotina (tabaco), cafeína do café e chá, barbitúricos e tranquilizantes, diluente, cola, LSD, anfetaminas, independentemente de lícitas (comercializáveis legalmente como álcool, tabaco, psico-fármacos) ou ilícitas (passíveis de objecto de coima até pena de prisão ou compulsória), provocam problemas do foro psiquiátrico, geram problemas no meio laboral, são causa de diversos acidentes mortais e indubitavelmente contribuem para o agravamento de problemas de saúde.