Benzodiazepinas


Segundo o Relatório 2004 da Organização Internacional de Controlo de Estupefacientes, Portugal lidera a taxa de consumo de substâncias psicotrópicas lícitas, tranquilizantes e Anti-depressivos como Valium, Diazepam, Lorax. A tendência para o abuso lícito e ilícito de tranquilizantes é confirmada por indicadores do INFARMED Instituto Nacional da Farmácia e do Medicamento, cujo estudo da evolução do consumo de benzodiazepinas em Portugal de 1995-2001 aponta para um crescimento do consumo de benzodiazepinas (prescritas para redução de ansiedade, indução de sono e acalmar sintomas de pânico, etc.) de 26.36%, tendo passado de 70,48 para 89,06 DHD. As benzodiazepinas mais consumidas foram o alprazolam, lorazepam e diazepam, representando estes três fármacos 55,87% do consumo em 2001.
As Benzodiazepinas (BZN), também designadas por tranquilizantes e ansiolíticos, são medicamentos depressores do SNC que actuam sobre a ansiedade e a tensão, e cujo principal efeito terapêutico é diminuir a ansiedade da pessoa sem afectar demasiadamente as funções psíquicas e motoras.
Contendo substâncias como diazepam, bromazepam, lorazepam, triazolam, flurazepam, clorazepam, etc., são as drogas mais consumidas em todo o mundo sendo considerado o seu consumo um problema de saúde pública nos países mais desenvolvidos. Sendo usadas para tratamento de variadas formas de ansiedade, a melhor indicação para a sua prescrição são os casos em que a ansiedade não faz parte da personalidade do paciente ou em que a ansiedade não seja secundária a outro distúrbio psíquico. As BZN podem ser administradas como coadjuvantes no tratamento psiquiátrico caso a causa da ansiedade ainda não ter sido solucionada. São ainda usadas como relaxantes musculares, anticonvulsivos e ansiolíticos em tratamento de curta duração.
Todas as BZN podem ser administradas por via oral, atingindo níveis plasmáticos no máximo em 2 a 4 horas, e muitas produzem metabólitos activos. Parece que o efeito ansiolítico dos benzodiazepínicos está relacionado com o sistema gabaminérgico do sistema límbico. Um dos seus mecanismos farmacocinéticos relaciona-se com o facto de as BZN actuarem na forma benzodiazepina/GABA para inibir e antagonizar a acção de outras benzodiazepinas que podem revelar-se importantes no tratamento de overdoses de medicamentos que afectam este complexo de receptores.
As BZN quando usadas durante meses seguidos podem causar dependência. Como consequência, podem surgir estados de irritabilidade, insónia, transpiração excessiva, dor pelo corpo e, em casos extremos, convulsões. Verifica-se também desenvolvimento da tolerância moderada, em que o paciente não necessita de aumentar a dose para obter o efeito inicial.
A maioria das BZN têm meia-vida longa, em geral entre 10 a 30 horas, ocorrendo o seu efeito até 3 dias depois da sua administração. Embora o seu consumo seja muito alargado, estas substâncias são muito eficientes num curto espaço de tempo; em casos de consumo prolongado existem riscos elevados entre doentes psiquiátricos, sendo de salientar o uso indevido destas substâncias obtidas por meio ilegal (as BZN são apenas de prescrição médica) entre consumidores e/ou poli-consumidores e não esquecendo os jovens em idade escolar.
Efeitos predominantes: As BZN actuam sobre os estados de tensão e ansiedade, inibindo os mecanismos hiperfuncionantes tornando a pessoa mais tranquila e menos afecta pelos estímulos externos. Com uma predilecção quase exclusiva pelo cérebro, os ansiolíticos produzem assim uma depressão do cérebro que se caracteriza por: diminuição da ansiedade, indução do sono, relaxamento muscular e redução do estado de alerta.
Por serem alimentados pelo álcool, a sua mistura pode levar ao coma, para além de dificultarem os processos de aprendizagem e memória; não esquecendo que prejudicam parte das funções psicomotoras como conduzir, aumentando as probabilidades de acidentes e sinistralidade rodoviária.
Do ponto de vista orgânico ou físico, as BZN são drogas relativamente seguras, dado ao facto de serem necessárias grandes doses para gerar efeitos graves como hipotonia muscular, dificuldade em manter-se de pé e caminhar, tensão baixa, desmaios, e mesmo coma (que agravado sob consumo adicional de álcool). Estudos apontam para a suspeita do poder teratogénico das BZN durante a gravidez, podendo provocar lesões ou defeitos físicos no neo-nato, malformações estas congénitas associadas a tranquilizantes menores como diazepam.
Utilização clínica: Introduzidas durante os anos 60, estas substâncias têm utilização clínica como tranquilizante menor, eficaz e desprovido de efeitos colaterais não desejados, tendo substituído os barbitúricos e fármacos relacionados como hipnóticos e sedativos. A sua eficácia terapêutica está associada à redução da ansiedade, indução do sono e tranquilizante de estados de pânico, podendo ainda ser prescritas para convulsões, espasmocidade muscular, sedação pré-operatório, desordens que provoquem movimentos involuntários, desintoxicação de álcool e outras substâncias e estados de ansiedade associados a condições cardiovasculares e gastrointestinais.

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